Floresta Digital leva rede gratuitamente para 14 municípios do estado.
Usuários podem acessar rede por antena ligada a porta USB.
Antenas de algumas casas em Rio Branco são mal instaladas e não acessam a web (Foto: Laura Brentano/G1)
Na série lig@dos, o G1 vai mostrar como pessoas de diferentes locais se relacionam com a tecnologia. Na primeira etapa, mostraremos três cidades em diferentes estados da região Norte do país. Mande suas perguntas na área de comentários ao final da reportagem.
Com seis torres instaladas em órgãos públicos de Rio Branco e 180 equipamentos de transmissão, a cidade já possui sinal de internet wi-fi em toda sua região. Porém, a rede sem fio só consegue ser acessada nos 500 metros em torno dos pontos. Por isso, os moradores que querem colocar web gratuita em casa precisam comprar uma antena com apenas uma entrada USB – para um computador –, que custa cerca de R$ 200.
Para instalar a antena em casa, o usuário precisa contratar um técnico. O governo apenas disponibiliza canais para que o cidadão faça a sua reclamação e telecentros, que ajudam os usuários a usar a internet. “Muitas casas colocam a antena de uma forma errada. Ou ela está torta, ou está apontando para baixo ou para a direção errada”, explica Rodrigo Souza, coordenador do Floresta Digital.
Aldecy e Lúcia não conseguem acessar a
internet desde que colocaram a antena do
Floresta Digital (Foto: Laura Brentano/G1)
internet desde que colocaram a antena do
Floresta Digital (Foto: Laura Brentano/G1)
Lúcia diz que já perdeu trabalho por causa da instabilidade da internet. “Hoje em dia, nem abrimos mais porque sabemos que não vai funcionar”, diz. “Estamos pensando em comprar um modem de uma operadora. Sinto falta de ter internet em casa. Sempre leio notícias e escuto música”, conta Aldecy. Eles contam que os vizinhos mais próximos entram 100% na web, sem problema algum. A casa deles está muito próxima a um ponto de transmissão. O problema está na má instalação da antena, que foi feita por um técnico que jamais voltou para consertar o problema.
Evanisse Correia da Silva, de 26 anos, instalou o Floresta Digital há quatro meses e nunca teve problemas. Morando em um bairro sem saneamento básico, Evanisse conta com internet desde que comprou seu primeiro computador. Ela viu a necessidade de estar conectada depois que voltou a estudar. “Eu nunca tinha entrado na web antes. Não tinha e-mail, nem Orkut e MSN”, conta.
Para se comunicar com os amigos, Evanisse usava apenas o celular. “Todo mundo que eu conheço mora muito perto”, explica. Na escola de Ensino Médio, os professores pedem que os alunos realizem pesquisas na web. Para não ir em lan house, Evanisse optou por comprar um PC. Mas boa parte de seus colegas ainda não têm o aparelho em casa.
Evanisse acessou a web pela primeira vez no primeiro computador que comprou (Foto: Laura Brentano/G1)
Mirla tem uma lanhouse em Rio Branco há 5
anos e diz que clientela não diminuiu com o
Floresta Digital (Foto: Laura Brentano/G1)
anos e diz que clientela não diminuiu com o
Floresta Digital (Foto: Laura Brentano/G1)
Rio Branco conta com duas operadoras que oferecem internet banda larga via fibra ótica. “A ideia não é tomar o mercado da banda larga”, afirma Aldecir Júnior, diretor de tecnologia e comunicação da Secretaria de Gestão Administrativa. “O Floresta Digital foi criado para combater a exclusão digital e levar internet gratuita à população”, completa. “Temos que pensar no ineditismo do projeto. Não tem nenhum outro exemplo com quem possamos nos comparar”, diz Júnior.
Até as 23h de domingo (8), havia mais de 39 mil pessoas cadastradas e aptas a usar o Floresta Digital. Conforme Júnior, o projeto registra, em média, 12 mil usuários usando o serviço por dia. “Qualquer pessoa pode se cadastrar no Floresta Digital, inclusive turistas e estrangeiros. Ela deve apenas ir em um telecentro e fornecer os seus dados para criar um login”, explica Júnior.
Floresta Digital conta com equipes que monitoram
rede por 24 horas para resolver possíveis gargalos
(Foto: Laura Brentano/G1)
rede por 24 horas para resolver possíveis gargalos
(Foto: Laura Brentano/G1)
Em casa, o Floresta Digital também pode ser instalado como um ponto wi-fi para que mais de um aparelho consiga usar a rede. Para isso, em vez da antena, o usuário deve comprar um equipamento com roteador, que custa cerca de R$ 400. Conforme os coordenadores do projeto, prédios também podem puxar o sinal do Floresta. Mas como Rio Branco ainda não tem muitos prédios, nenhum até agora fez isso.
Por enquanto, o Floresta Digital recebe a internet por fibra ótica e distribui para as pessoas via rádio. Porém, um anel de fibra ótica já foi instalado na cidade. “Estamos aguardando uma licitação para que o anel comece a funcionar. Acredito que em 90 dias isso deve acontecer”, diz Júnior. Ele afirma que, a partir disso, todas as casas receberão internet pela fibra ótica, com menos interferência que o sistema de rádio, que passaria, então, a ser usado apenas como segunda opção.
Escola de Rio Branco recebeu o sinal do Floresta Digital no laboratório no final de 2010 (Foto: Laura Brentano/G1)
EscolasPara disseminar o sinal, os 180 equipamentos do Floresta Digital foram instalados em órgãos públicos, como escolas estaduais. Porém, muitas dessas escolas receberam a internet mas ainda não contam com o acesso à rede em seu laboratório de informática. “Os alunos sempre perguntam: ‘tia, quando vamos ter internet?’. Eles sentem muita falta disso”, conta Raimunda Trindade, coordenadora administrativa da escola de ensino fundamental Iza Mello.
Escola já tem o equipamento do Floresta Digital
instalado, mas laboratório para crianças ainda
está sem internet (Foto: Laura Brentano/G1)
instalado, mas laboratório para crianças ainda
está sem internet (Foto: Laura Brentano/G1)
Já na escola Belo Jardim, uma parceria com o governo levou internet ao laboratório no final de 2010. “Fizemos uma pesquisa na comunidade e constatamos que 90% das casas não tinham PC”, diz a diretora da escola, Suelange Horácio. Os computadores também podem ser usados pelos adultos, como pais e ex-alunos, em alguns horários específicos. “Como a grande maioria não sabe mexer no computador, estamos organizando cursos de informática para os pais”, completa.
Suelange acredita que a internet aumenta a dinâmica em aula. “As crianças têm muito mais interesse de fazer pesquisas no computador do que em livros”, explica. “Pela web, você tem disponível tanto o conteúdo teórico, como imagens e vídeo”.
Fonte: G1
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